A morte de Fidel Castro, na noite de 25 de novembro de 2016, dividiu o mundo praticamente ao meio. Em questão de instantes, as redes sociais foram alagadas com comentários a favor e contra a figura do líder cubano, que faleceu de causas desconhecidas aos 90 anos.
A mítica figura de Fidel expressa sua importância para o cenário mundial: líder de uma nação com o tamanho pouco maior que Pernambuco com a mesma população da cidade de São Paulo, Castro foi uma figura determinante nas relações internacionais nos últimos 50 anos. O golpe de estado dado por ele, seu irmão Raul (atual presidente Cubano) e o argentino Ernesto “Che” Guevara, destronou uma ditadura. Acabou se tornando um deles, governando Cuba de maneira direta até 2006, quando completou 47 anos no poder. Mesmo assim, Cuba continua associada a seu nome até hoje.
Sob sua batuta, Cuba virou uma potência olímpica, zerou o analfabetismo e desenvolveu um sistema de saúde exemplar. Sob a mesma batuta, inimigos políticos foram mortos no paredón, e a população sofria com a falta de acessos a itens básicos graças ao embargo do governo americano. A ilha cubana, sempre associada ao atraso de seus carros e prédios antigos, apenas nos últimos anos começa vislumbrar o futuro.
E é nessa dicotomia toda que os jornais do mundo todo noticiaram a morte de Fidel. Mesmo os americanos, eternos desafetos políticos de Fidel, renderam as devidas homenagens ao governante. O site americano Newseum seleciona diariamente capas de jornal do mundo todo, e essas são as do dia em que Fidel se foi. Confira:
“A noite que a música parou”
Diário Catarinense (Brasil)
Cabe ao leitor definir quem foi Fidel Castro
Los Angeles Times (EUA)
O jornal cita “Uma nova era para Cuba”, lembrando que as relações entre os dois países podem melhorar a partir de agora
El Universal (Venezuela)
Apesar de ser um parceiro estratégico de Cuba, a mídia venezuelana tratou com polidez a morte de Castro. “O último rebelde” é, segundo a capa, “indispensável para entender a América Latina”
Ara (Catalunha – Espanha)
O diário espanhol colocou na capa a pergunta que todo mundo se faz desde a morte de Fidel: “A História o absolverá?”
El Comercio (Peru)
“Começa a era de Cuba sem Fidel”
El Nuevo Comercio (Nicarágua)
Contrapondo a capa acima, para os nicaraguenses, “Termina uma era”
Japan Times (Japão)
O jornal japonês apostou na figura mais clássica de Fidel, com sua silhueta contra a luz e uma de suas (muitas) célebres frases: “Uma revolução é uma luta mortal entre o futuro e o passado”
el Colombiano (Colômbia)
Segundo dados do governo cubano, Fidel foi alvo de ao menos 638 atentados, a maioria feita pelo governo americano. Por isso a capa do elColombiano parece tão real. “Chegou a morte – e mandou que ela parasse”
O Globo (Brasil)
Os jornais brasileiros permaneceram como seus leitores: divididos. O Globo, em sua edição, não deixou de ressaltar as opiniões pró e contra Fidel.
Daily News (EUA)
Eternos desafetos dos cubanos, os americanos do Daily News, tabloide novaiorquino, lembram que a ilha ainda não possui democracia, já que é comandada por Raul Castro, irmão de Fidel. Mas ele mesmo prometeu deixar o cargo em 2018.
The Trentonian (EUA)
Um dos poucos jornais a colocar a palavra “Ditador” na capa. Os EUA são o país mais próximos de Cuba (140 km separam Havana da Flórida) e foi pra terra do tio Sam que muitos dissidentes e descontentes fugiram.
The New York Times (EUA)
O maior jornal americano ressaltou a influência do cubano para a história do século XX, e sua capacidade de “Desafiar os EUA”
The Washington Post (EUA)
Apesar de sua postura reconhecidamente conservadora, o Washington Post surpreendeu em sua capa: “Revolucionário que refez Cuba”