Nesta segunda-feira (14), os Estados Unidos inauguraram a sua nova Embaixada na cidade de Jerusalém, medida que gerou polêmica em toda a comunidade internacional e tomada em meio a protestos na fronteira com a Faixa de Gaza, que já duram semanas.
A inauguração acontece no dia seguinte à uma controversa data celebrada na região: o aniversário da fundação de Israel e, ao mesmo tempo, o Nakba (Catástrofe), quando milhares de palestinos foram desalojados ou fugiram de casa após a criação do Estado israelense, em 1948.
Em dezembro do ano passado, ao reconhecer a cidade de Jerusalém como capital de Israel, o presidente Donald Trump enfatizou que esta declaração não equivale a uma posição sobre a questão das fronteiras e a soberania de Israel sobre a cidade sagrada, dizendo que reafirma “o compromisso de longa data da minha administração com um futuro de paz e segurança para a região. Confiamos que, finalmente, enquanto trabalhamos com essas desavenças, chegaremos a uma paz”. Seus atos, porém, são vistos pelos palestinos como um sinal de apoio à visão israelense, que considera Jerusalém como sua capital “eterna e indivisível”.
Motivo de conflitos seculares, a cidade é vista por ambos israelenses e palestinos como sagrada, com importantes localidades para judeus, cristãos e muçulmanos, as três principais religiões monoteístas do mundo.
Em 1948 Jerusalém foi dividida entre Ocidental (Israel) e Oriental (Jordânia), já em 1980 Israel anexou a parte Oriental ao seu território, medida vista como ilegal pela ONU e União Europeia. De 1993 em diante, após tratado firmado entre ambas as partes em conflito, foi acordado que o status final da cidade deve ser discutido nos últimos estágios das negociações de paz, mediada pelos EUA.
O reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel por parte de Trump, porém, preocupa a comunidade internacional, pois compromete a neutralidade do país na mediação do conflito.
E o que se temia está se concretizando: a ação incentiva que outros países sigam a medida estadunidense, como já declararam outras 10 nações, como Guatemala, Romênia e República Tcheca. Atrelado a isso, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pediu que “todos os países se unam aos EUA para transferir suas embaixadas para Jerusalém”.
Durante a inauguração da Embaixada, a qual está funcionando provisoriamente dentro do prédio do consulado dos EUA, o embaixador estadunidense David Friedman declarou em discurso de cerimônia que “hoje, nós cumprimos a promessa feita ao povo americano e damos a Israel o mesmo direito que damos a todos os outros países: o direito de escolher a sua capital”. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, considerou a medida como o “tapa do século”.
A poucas horas da inauguração, as tensões na fronteira com a Faixa de Gaza aumentaram, com autoridades palestinas anunciando a morte de 37 palestinos – um deles de apenas 14 anos – por soldados israelenses. Estes números se juntam aos outros 40 palestinos mortos nas últimas semanas durante os protestos.
Israel declara que agiu legitimamente para proteger seus civis de militantes que tentam atravessar a fronteira, enquanto o alto comissário das Nações Unidas para Direitos Humanos, Zeid Ra’ad al-Hussein, acusa o uso de “força excessiva”.
Ainda nesta segunda-feira, o Diretor de Advocacia para o Oriente Médio e Norte da África da Anistia Internacional dos EUA, Raed Jarrar, emitiu comunicado sobre a situação, afirmando que “os Estados Unidos decidiram recompensar a anexação ilegal do território ocupado ao mover sua embaixada e reconhecer uma Jerusalém unificada como capital de Israel”.
“A administração de Trump pode retratar esta ação como uma simples mudança de mesas de um prédio para outro. Mas na realidade esta mudança destrói os direitos palestinos e aprova décadas de violações de Israel, incluindo a criação ilegal de assentamentos, o que constitui crime de guerra”, continua.
Protestos
Nas últimas semanas, protestantes têm feito atos nos limites do território de Gaza contra as condições inviáveis na qual vivem, clamando pelo direito de retornar. Soldados israelenses têm usado armas de máximo dano contra os palestinos, a maioria não demonstrando ameaça a eles.
A Anistia Internacional denuncia estes atos, afirmando ser um sério abuso dos direitos humanos e que as autoridades israelenses não estão punindo estas ações.
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