Entre os dias 14 e 19 de abril, o Instituto Global Attitude esteve em Washington D.C. (EUA) para acompanhar a delegação jovem brasileira durante o Spring Meetings, evento organizado pelo FMI e Banco Mundial. Nosso diretor, Rodrigo Reis, também participou do painel “One Young World: tomorrow’s leaders, today”, que ocorreu em parceria com a organização One Young World durante o Civil Society Policy Forum, plataforma oficial do Banco Mundial e FMI para inclusão da sociedade civil. Confira a entrevista abaixo.
Qual era o objetivo do painel?
R: O intuito era propor um debate para descobrir o que significa ser um líder no século XXI. Para isso, compartilhamos nossas trajetórias, procurando ressaltar o tema proposto a partir do contexto de cada país envolvido, dando também espaço aos demais presentes para fazer o mesmo.
Além de você, quem mais esteve envolvido no encontro?
R: O encontro contou com a presença de Jennifer Kamara, fundadora do World Heath Equity, focado no problema da saúde pública na África, e Parker Liautaud, que fez sua primeira viagem ao Polo Norte aos 14 anos e, hoje, trabalha para conscientizar as pessoas à respeito do aquecimento global.
Um dos pontos defendidos ao longo da discussão foi o do engajamento político como processo de educação. Como você enxerga essa questão?
R: Há uma necessidade de incluir os jovens no centro dos debates sobre temas globais. Já existe uma predisposição do jovem brasileiro em se envolver em questões políticas, mas é preciso saber como fazer com que eles se engajem na política internacional também. Em experiências anteriores no exterior pude perceber o tamanho da influência do jovem na geração de processos transformativos. O programa Diplomacia Civil, inclusive, foi pensado para trazer esse engajamento para o nosso país também, já que são eles que vão herdar a condição econômica e política atual.
Por que você acredita que esse envolvimento é necessário desde já?
R: O Frei Betto tem uma frase muito boa nesse sentido: “Política é que nem feijão: só funciona na panela de pressão”. Para influenciar, é preciso conhecimento – e liderança. Por isso, o engajamento e envolvimento dos jovens em temas políticos é fundamental desde já. Só assim será possível gerar a pressão necessária para mudar o país e gerar frutos que possam ser colhidos por esses mesmos jovens no futuro.
O que falta para gerar esse engajamento?
R: A participação nos processos decisórios políticos tem que ser conquistada. Mas, para que isso aconteça, devemos oferecer a esses jovens mais espaços para debate, onde eles tenham o poder de decisão de fato, exatamente para estimular esse interesse pelo assunto, que, na verdade, é inerente da juventude. A educação formal se adaptou pouco às mudanças socioeconômicas ao longo dos anos. Por isso, nossa obrigação como Instituto é tentar dar mais abertura aos jovens e oferecer cada vez mais canais que facilitem a entrada nesse universo global, gerando uma consciência política. Educação é um processo e, como todo processo, leva tempo, mas é parte fundamental para evolução da sociedade, visto que ela é a principal ferramenta transformativa de realidades.
Qual a importância de ter participado de um painel como esse durante o Spring Meetings?
R: Acho importante esse tipo de interação que os fóruns internacionais, Spring Meetings incluso, promovem, porque eleva as discussões a uma escala global. Precisamos de cada vez mais interações como essa.