Viver em uma cidade melhor planejada para a mobilidade, com reaproveitamento total da água, uso de energia renovável e edifícios verdes parece uma ideia sonhadora ou distante. Uma série de empresas, porém, está trabalhando para realizar este sonho, tornando as cidades ao redor do mundo cada vez mais inteligentes.
Testes em cidades planejadas, feitos através de um conjunto de tecnologias desenvolvido por empresas como IBM, GE, Cisco, Philips, Oracle e Samsung, já estão em andamento, servindo de laboratório para replicar o que dá certo em outros locais.
As companhias de tecnologia têm mirado nas metrópoles, as quais se mostraram as mais necessitadas por soluções para o caos urbano, resultado do crescimento desorientado e da falta de planejamento. Das 7 bilhões de pessoas no mundo metade vive em áreas urbanas e estima-se que, até 2050, 70% da população já esteja vivendo em cidades.
Em cima disso, os atuais 3,5 bilhões de habitantes urbanos são os responsáveis pelo consumo de 75% da energia disponível e 80% das emissões de gases que causam o efeito estufa. Cerca de 40 metrópoles impulsionam a economia mundial, representando um quinto da população e dois terço do PIB no mundo.
Isso significa que, se o engarrafamento, a poluição e o caos da sua cidade já é estressante e até sufocante, então os próximos anos reservam cada vez mais dores de cabeça. É aí que entra a necessidade de novas tecnologias urbanas. Ao atrair empresas e grandes negócios, as grandes cidades têm exigido um olhar mais atencioso para as mudanças climáticas, mobilidade urbana e a desigualdade social.
Fase de testes
Masdar, um distrito econômico em Abu Dhabi, Emirados Árabes, é uma cidade laboratório em construção. A previsão de término está estabelecida para 2025, quando deverão ter 50 mil habitantes e 1.500 empresas. A intenção é que a cidade não possua carros, gere pouco lixo (parte será queimada para a produção de energia) e só utilize energia renovável. Por suas ruas circularão carros elétricos, impulsionados por trilhos magnetizados.
Isso não significa, porém, que todas as cidades no mundo deverão ser reconstruídas. O laboratório servirá de exemplo para ideias bem sucedidas, que deverão ser moldadas e aplicadas conforme a necessidade de um centro urbano. O desafio é conseguir o mesmo sucesso de um local construído a partir do zero.
Um bom exemplo é o alerta contra chuvas do Rio de Janeiro. Em 2011 um temporal que durou 9h e despejou 274 milímetros de água na cidade causou um verdadeiro caos.
A situação foi palco do primeiro teste extremo do Centro de Operação do Rio (COR), inaugurado há um ano. O local concentra 30 instituições públicas e privadas que prestam serviços ao cidadão, como órgãos de trânsito e empresas de energia elétrica e de limpeza urbana.
O COR é resultado de uma parceria da Prefeitura do Rio de Janeiro com a IBM, a Cisco e a Samsung. A IBM desenvolveu um sistema meteorológico personalizado para o município, que leva em conta suas características topográficas, sendo capaz de fornecer informações detalhadas. Essa previsão se tornou fundamental para que as instituições montem esquemas de emergência.
Brasil
O país tupiniquim está no caminho certo para construir cidades inovadoras e agradáveis de se viver. A jornada, porém, será longa. Segundo o ranking Connected Smart Cities, divulgado pela consultoria Urban Systems, as cidades brasileiras alcançam apenas metade dos pontos dos 11 eixos do estudo que as classifica como “inteligentes” e, em relação ao resto do mundo, esses pontos são ainda menores.
Este quadro tem se agravado por conta da crise econômica, visto que muitos municípios têm cortado investimentos na saúde e no urbanismo como forma de sair do vermelho.
Apesar disso, São Paulo tem dado o que falar nos últimos anos, com suas políticas de mobilidade urbana, o que lhe garantiu o primeiro lugar no ranking, desbancando o Rio de Janeiro.
A pesquisa analisou 73 indicadores divididos em 11 eixos. Confira as 20 cidades mais inteligentes do Brasil: