A maior cidade da América Latina teve uma queda significativa na taxa de crimes violentos. Com uma população de 12 milhões atualmente, São Paulo viu o número de assassinatos cair de um alarmante 52.5 por 100 mil habitantes em 1999 para 6.1 por 100 mil em 2018. Isso significa que a atual taxa é quase cinco vezes menor que a média nacional.
Segundo cientistas sociais ouvidos pelo Fórum Econômico Mundial, há várias explicações para a melhoria na segurança da cidade paulistana. Uma delas seria que a redução dos homicídios teria coincidido com a diminuição do número de homens jovens. Outros creditam o motivo ao maior controle no acesso e consumo de álcool ou na predominância de poder do Primeiro Comando da Capital (PCC), o qual teria “imposto ordem no crime”.
A opinião mais aceita, porém, é a que credita a redução dos homicídios às mudanças nas práticas da força policial, desencadeadas após o caso da Favela Naval, em 1997.
Naquela época foi revelado pela TV que policiais militares torturavam e extorquiam moradores do município de Diadema, o que gerou grande comoção pela população e levou a uma série de reformas como novas diretrizes para o uso da força, recompensa por bom desempenho, capacitação técnica e em direitos humanos e melhor coordenação entre as polícias militar e civil.
Mesmo com as mudanças, porém, a polícia paulista ainda é a que mais mata civis no país, com uma média duas vezes superior aos demais estados. A reforma é apenas um passo necessário, porém ainda insuficiente.
Em 2002 foi lançado um projeto em Diadema que transformou a forma como os municípios abordam a segurança pública. Foi constatado que havia uma relação entre a existência de vítimas com áreas onde funcionavam bares. Assim, implementou-se restrições à venda de álcool após às 23h e instalaram-se sistemas de monitoramento para controlar os vendedores de bebidas alcoólicas. Atrelado a isso, a iluminação pública e câmeras de segurança foram reforçadas, mudando também a rotina dos guardas municipais.
Os resultados do projeto, em apenas dois anos, se mostraram apenas positivos. A taxa de homicídios da cidade caiu 44% e as agressões contra mulheres reduziu em 56%. Segundo o Instituto Igarapé “um elemento chave do sucesso inicial do programa foi a educação do público e a enorme adesão da comunidade, a interação constante com os vendedores de álcool, a fiscalização e as multas para os transgressores”.
A combinação de policiamento e inovação social permitiram que São Paulo atingisse uma taxa desejável de violência, ainda que não seja perfeita.