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Delegada do Diplomacia Civil é um dos 3 brasileiros selecionados para bolsa de liderança jovem da ONU

A iniciativa jovem da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da ONU (SDSN, na sigla em inglês) divulgou os selecionados para a segunda edição do Local Pathways Fellowship (LPF), bolsa de liderança que busca capacitar e empoderar jovens líderes de todo o mundo para implementar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável em suas regiões.

Ao longo de um processo de 12 meses, o programa oferece aos participantes recursos e a plataforma necessária para trocar conhecimento com acadêmicos e outros especialistas em desenvolvimento urbano. O LPF busca amplificar o impacto que os fellows já estão causando por conta própria nas cidades, auxiliando-os no avanço do cumprimento da Agenda 2030.

Ao todo, foram selecionados para esta edição 56 jovens inovadores, arquitetos, pesquisadores, engenheiros, empreendedores e líderes sustentáveis, distribuídos em mais de 50 cidades no mundo. Entre eles, Letícia Rizério, delegada do Diplomacia Civil para o World Urban Forum 2018.

bolsa de liderança

Nesta edição, os principais temas nos quais a iniciativa e seus participantes se debruçarão são: Desenvolvimento Inclusivo e Econômico; Consumo e Gestão de Resíduos; Igualdade Social e de Gênero; Mobilidade Urbana; Espaço Público; Acesso a Serviços Básicos e Infraestrutura; Redução da Mudança Climática; e Adaptação e Resiliência.

“Eu sempre estive envolvida no percurso acadêmico com desenvolvimento de cidades – que é o que trata o ODS 11 – então a ideia em si de trabalhar no Brasil com transporte público e políticas públicas de transporte é algo que sempre quis”, afirma Letícia, graduada em Engenharia Civil pela UFMG e em fase de finalizar o Mestrado em Transporte e Planejamento Territorial pela École des Ponts ParisTech (ENPC), em Paris, França.

Um dos três únicos brasileiros agraciados com a bolsa de liderança, a baiana teve um primeiro contato com o LPF durante sua participação no World Urban Forum, realizado em Kuala Lumpur, na Malásia, quando alguns fellows da primeira edição apresentaram em painel projetos desenvolvidos durante o programa.

bolsa de liderança

Letícia foi uma das delegadas para o World Urban Forum 2018, pelo programa Diplomacia Civil. Foto: Global Attitude

“Eu não sabia exatamente como funcionava a seleção da bolsa de liderança, só tinha uma ideia, até o dia que o Global Attitude publicou na página [do Facebook] a abertura das inscrições para o programa e eu soube que outros brasileiros já tinham participado”, afirma Letícia, em referência a Pedro Casali, delegado do Diplomacia Civil para o European Development Days 2016 e o Habitat III, selecionado para a primeira edição da bolsa. “Tive a oportunidade de conhecê-lo na França, tirei algumas dúvidas e decidi me candidatar”, explica.

Durante a seleção da bolsa de liderança , os candidatos deveriam, além de enviar currículo e carta de motivação, explicar seu percurso acadêmico e qual o diferencial que poderia levar ao LPF para tornar a sua cidade mais sustentável. “Minha especialização é mobilidade e gênero, o que já é um diferencial, porque não quero apenas atingir o ODS 11 como também o de equidade de gênero”, afirma a engenheira, que em setembro do ano passado foi pré-selecionada, entre outras 400 pessoas do mundo, tendo que passar por testes online de conhecimentos na área de desenvolvimento sustentável. Por fim, no mês seguinte, Letícia recebeu a notificação, ainda não oficial, de que tinha sido agraciada com a bolsa.

Os fellows passam agora por uma série de treinamentos online, devendo desenvolver atividades e assistir conferências, além de poder trocar experiências e ideias com os outros participantes. O objetivo é dar suporte acadêmico aos jovens para que, ao fim desta etapa, estejam preparados para desenvolver um projeto voltado à solução do ODS 11 – tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis – em suas cidades.

“Apesar de estarmos todos engajados neste objetivo, cada um tem uma realidade bem diferente, então a troca é importante. Temos plataformas online pra conversar e recebemos um coaching de especialistas da área de desenvolvimento sustentável da ONU e UN Youth. A ONU nos dá as ferramentas para que possamos nos engajar com os governos locais e empresas que queiram desenvolver nossos projetos. O quanto esse projeto vai se desenvolver depende de cada participante”, afirma.

De acordo com Letícia, na primeira etapa, o LPF espera que os fellows ainda não definam seus projetos, de forma que “antes mesmo de propor soluções e dar respostas aos problemas das nossas cidades, conheçamos os problemas, entendamos as razões do porquê existem e a realidade que a população está vivendo. Não devemos chegar já com projetos e ideias sem antes conhecer o que está realmente por trás disso, em questão econômica e política, por isso temos esse estudo, pra chegarmos com as perguntas corretas”.

A baiana, porém, já tem uma ideia dos temas que gostaria de abordar. “Espero poder aprofundar nos problemas de mobilidade urbana, espaço público e gênero. O artigo que escrevi pro Diplomacia Civil na época que fui pro fórum foi exatamente sobre transportes e gênero em cidades latino-americanas”.

Perguntada sobre as iniciativas brasileiras para atingir os objetivos da Agenda 2030, Letícia as avalia com otimismo: “são muito elogiadas e vistas como exemplos inspiradores lá fora e o que mais tenho visto nos últimos anos é um maior engajamento da sociedade civil, que tem feito um trabalho muito bonito e está transformando nossas cidades. O que talvez tenhamos ainda que implementar é pressionar ainda mais o setor público e órgãos municipais pra continuar nessa luta”.

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