Tem-se falado muito que a chegada da Quarta Revolução Industrial causará a perda de cinco milhões de empregos nas principais economias mundiais nos próximos cinco anos, segundo um relatório divulgado pelo Fórum Econômico Mundial (FEM). Estima-se que os 15 principais países desenvolvidos e emergentes serão os mais atingidos, entre eles Estados Unidos, Alemanha, França, China e Brasil.
“[A Quarta Revolução Industrial] irá causar grande perturbação não só sobre o modelo de negócio, mas também no mercado”, diz o estudo. “São precisas medidas urgentes e concretas para esta transição, a médio prazo, e criar um grupo de trabalho com competências para o futuro, os governos terão de enfrentar um aumento constante do desemprego e da desigualdade. Isso mudará não só o que fazemos, mas também quem somos”, alertou o presidente e fundador do FEM, Klaus Schwab, em um comunicado.
Sabemos que a Primeira Revolução Industrial surgiu com a utilização da água e vapor para mover máquinas, no século XVIII, a Segunda trouxe a energia elétrica nas linhas de montagem no fim do século XIX e a Terceira resultou no boom da informática no século XX, mas o que mais a chegada de uma Quarta Revolução Industrial poderia proporcionar?
Parece que já não existe mais nada a se inventar (ou revolucionar), mas é chegada a era dos robôs, da impressão 3D e da nanotecnologia. A Quarta Revolução significa o surgimento de economias com forte presença de tecnologias digitais, mobilidade e conectividade entre pessoas, sendo a informação o valor central.
Suas maiores características são a hiperconexão em tempo real graças à internet, a mudança nos sistemas de produção e consumo, o amplo uso de inteligência artificial e, ainda, o desenvolvimento de energias verdes.
Segundo Schwab, “a conexão constante pode nos privar de um dos bens mais valiosos da vida: o tempo para parar, refletir e engajar-se em uma conversa significativa”. Apesar da maioria da juventude atual no mundo (os chamados Millennials) se sentir otimista com a chegada da revolução, ela deverá se preparar para um mundo onde a rapidez e a superficialidade desbancam o bom e velho combo da consideração e profundidade.
Pensando nisso, o Instituto Global Attitude reuniu algumas qualidades que a juventude deve pensar em desenvolver para seguir de forma confortável em um mundo de ritmo tão rápido.
Autonomia social
Esse mundo hiperconectado pensa por nós. Tem sido mais fácil do que nunca reunir argumentos com uma rápida busca no Google e nas mídias sociais, mas a análise crítica sobre algo requer um certo distanciamento do ciclo social para que consigamos desenvolver perspectivas próprias. Esta “autonomia social” se torna um desafio quando estamos sempre conectados com amigos e os demais usuários de internet, que emitem opiniões que nem sempre são de própria autoria, mas este exercício é essencial para o desenvolvimento de uma mente crítica e pensante.
Dormir com uma decisão a tomar
A demanda por instantaneidade nos impede de passar um dia para fazer uma decisão importante, mas muitas vezes é melhor dizer que tomará sua decisão em breve do que dar uma resposta qualquer só porque as pessoas anseiam por agilidade. Paciência é essencial.
Aprofundamento de uma atividade
A exaustão psicológica tem crescido nos dias atuais. É comum sentir que, após a jornada de trabalho, muito foi feito, quando na verdade poucas atividades representaram real profundidade. Um trabalho significativo requer uma dedicação maior, sem interrupções de demandas de terceiros, e perder tempo dedicando-se a uma atividade superficial resulta em um cansaço pouco recompensador. Necessário também saber gerir o tempo, para que não se perca nas atividades de pouco significado e acabar não realizando as mais importantes.
Refletir sobre o que deve ser particular
Convenhamos que vivemos em uma crise de privacidade. Decidir o que deveria ser compartilhado online ou não é um exercício essencial. Ao se depararem com uma ideia para compartilhar nas redes sociais, os jovens devem parar e se fazer duas perguntas: “por que estou fazendo isso?” e “o que isso me trará de bom?”.
Estar sempre aprendendo
O contínuo aprendizado de novas competências e habilidades ao longo da carreira é essencial. Além de poder se renovar profissionalmente, é possível desenvolver vivências pessoais enriquecedoras.
Mas e o Brasil? Como fica com a chegada dessa revolução?
“O grande desafio à frente é manter os avanços sociais e estimular o aumento da produtividade. É necessário construir novas alianças que transpassem partidos políticos e viabilizem condições para a criação de um novo ciclo de investimento”, afirma Alicia Bárcena, secretária-executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL), em entrevista à BBC.
Na última década, o Brasil teve resultados positivos na redução da desigualdade social, mas esta nova economia exige um maior investimento em educação e inovação para obter ganhos em produtividade e geração de empregos.
Segundo relatório divulgado pela consultoria Accenture, a participação da economia digital no PIB do Brasil saltará, provavelmente, dos atuais 21,3% para 24,3% em 2020, valendo US$446 bilhões (equivalente a R$1,83 trilhão).
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