Liderado pela França, um grupo de 13 países integrantes da União Europeia (UE) enfureceu-se com a proposta que o bloco econômico fez ao Mercosul. Segundo o site de notícias Politico, os países afirmaram em uma carta que “se opõem às propostas de cotas em produtos considerados sensíveis, oferta que será apresentada ao Mercosul nos próximos meses”.
A revolta vem acompanhada de um aviso do principal lobby de agricultura europeu, Copa-Cogeca, que disse que, na tentativa de reduzir tarifas e outras restrições que impedem o livre comércio, a decisão de trocar ofertas de acesso de mercado entre os dois blocos teria um “impacto catastrófico”.
Os assinantes da carta, Áustria, Chipre, Estônia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Polônia, Romênia e Eslovênia, dizem, ainda, que o setor de agricultura da UE está enfrentando uma “crise particularmente difícil” e que uma oferta de livre comércio com o Mercosul reduziria as restrições de importação para o bloco. Isso “provavelmente seria visto como uma provocação aos fazendeiros”.
Segundo um oficial da UE outros países também têm apoiado os argumentos da carta.
Efeito cascata
Os 13 países alertam para um “efeito cascata” em relação a todas as atuais negociações, em particular as estabelecidas com os Estados Unidos. Eles exigem, ainda, uma aprofundada avaliação de impacto das consequências em facilitar o comércio com o Mercosul.
Para a Áustria, o mandato de negociação da UE, vigente há 15 anos, deve ser alterado.
A proposta
A União Europeia e o Mercosul planejam trocar ofertas de acesso de mercado, especificando maneiras de aumentar reciprocamente a abertura aos bens e serviços, incluindo o acesso a concursos públicos. A ideia é dar início a este processo na segunda semana de maio.
A Comissária de Comércio da União Europeia, Cecilia Malmström, disse em entrevista à agência de notícias MercoPress estar contente com o avançar destas negociações de longo prazo. “A Europa tem fortes conexões econômicas e políticas com a América Latina. Melhorar as condições comerciais entre a UE e os países do Mercosul traria importantes benefícios para as nossas economias. Ambos os lados estão se comprometendo e confio que a próxima troca de ofertas nos permitirá dar sequência com sucesso a estas negociações, em um acordo ambicioso e abrangente”.
Os dois blocos econômicos fizeram intensas negociações entre 1999 e 2004. Neste último ano, após uma troca de ofertas de mercado malsucedida, as negociações foram suspensas por cerca de seis anos, retomando apenas em 2010, com uma rodada de nove negociações que serviriam de preparação para a oferta final deste ano.
Vale lembrar que a União Europeia é a primeira parceira de negociações do Mercosul, sendo uma importante fornecedora de serviços comerciais, assim como a maior investidora estrangeira da região. As empresas da UE pagam mais de 4 bilhões de euros anualmente em impostos de tarifas para exportar aos países do Mercosul.