Com a crescente crise política que o Brasil tem enfrentado nestes últimos meses, a mídia internacional voltou seus olhos para acompanhar o desenrolar da história. Jornais como The Economist, Al Jazeera, The New York Times, The Huffington Post, El País e BBC têm apresentado uma cobertura tímida, porém bem pontuada sobre os mais diversos aspectos da crise: o processo de impeachment de Dilma, as incontáveis manifestações, a nomeação de Lula para ministro e por aí vai.
Organizações Internacionais também não ficaram de fora. Nações Unidas, Comissão Econômica para América Latina e Caribe e a Organização dos Estados Americanos demonstraram preocupação com o futuro da democracia no Brasil, além de solicitar a total cooperação dos políticos com a Operação Lava Jato.
Jornais do bloco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) também acompanham com grande interesse o desenrolar do parceiro brasileiro. Nesta última quinta-feira (31), a rádio sul-africana Power FM, dedicou uma parte de seu programa Power Breakfast – apresentado diariamente pela manhã e que trata sobre questões sócio-políticas que afetam a África do Sul – à notícia que causou grande alvoroço no Palácio do Planalto: a ruptura do PMDB com o Governo.
Como convidado do programa, Rodrigo Reis, diretor e fundador do Instituto Global Attitude, comentou sobre a atual situação política do Brasil, enfatizando que este é um dos momentos mais delicados da história do país e que a presidente Dilma Rousseff enfrenta grandes dificuldades de apoio partidário. Rodrigo comenta, ainda, que há uma discussão acerca da legalidade do processo de impeachment e explica que o principal argumento para abertura deste processo foram as pedaladas fiscais.
Os entrevistadores, Lawrence Tlhabane e Ayanda Allie-Paine, demonstraram preocupação e grande interesse nas consequências que a ruptura do PMDB com o Governo causariam, além de questionar o discurso da presidente quanto à ideia de que o processo de impeachment seria uma tentativa de golpe.
Questionado sobre a possibilidade de Dilma “sobreviver” ao processo e seguir como chefe de estado até o fim de seu mandato, Rodrigo explica que ela enfrentaria mais dificuldades em relação ao apoio, pouco encontrado nos partidos e na população, e que, caso falhe em angariar adeptos, isso poderia vir a resultar em uma má gestão para os próximos anos de governo.
A entrevista é encerrada com uma pergunta sobre as Olimpíadas no Rio de Janeiro, ofuscada pela crise política, econômica e pelo surto do Zika Vírus. O diretor do Global Attitude se mostrou otimista com o evento, afirmando que o país se prepara há alguns anos para sua realização e que está apto a recepcionar os jogos. Ele diz, ainda, que o sucesso do evento será benéfico para o Governo, que precisa de “boas notícias” e se mostrar bem para o mundo.
Ao fim do programa, Lawrence e Ayanda lembram que o escândalo da Petrobrás segue complicando uma série de políticos investigados, que não têm sido muito citados por conta do processo de impeachment, pois as atenções estariam todas voltadas apenas a Dilma.
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Confira o podcast da entrevista na íntegra:
https://soundcloud.com/powerfm987/brazils-biggest-party-abandons-rousseff-ahead-impeachment-woes