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Sergio Vieira de Mello: Um brasileiro que buscava a Paz

Sergio Vieira de Mello: Um brasileiro que buscava a Paz

Estreou na última sexta-feira, 17 de abril, o filme “Sérgio” que conta a história de uma das figuras mais importantes das relações internacionais e do multilateralismo: Sérgio Vieira de Mello, morto em um atentado terrorista no Iraque em agosto de 2003.

Brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, filho de diplomata que seria cassado pela ditadura militar brasileira (1964 – 1985), desde cedo viveu no exterior e dedicou toda sua carreira trabalhando na Organização das Nações Unidas. Doutor em Filosofia pela Sorbonne, estava em Paris na famosa revolta estudantil de maio de 1968 e foi sua participação que o fez ficar em terras estrangeiras.

Sergio Vieira de Mello era Diplomata?

Apesar de ser chamado de Diplomata, Sergio Vieira de Mello nunca frequentou o Instituto Rio Branco, também conhecido como Itamaraty, que forma os funcionários da diplomacia brasileira. Mas, a natureza de seu trabalho dentro Organização das Nações Unidas, a ONU, fazia com que todos os considerassem assim. Não à toa, foram 33 anos dedicados à organização fundada em 1945.

Após se graduar na França, partiu para dar início ao que seria uma das mais prolíficas e brilhantes carreiras dentro da ONU. Seu primeiro posto foi na sede de Genebra, como editor assistente e tradutor no Alto Comissariado para os Refugiados (ACNUR), já que falava inglês, espanhol, francês, italiano e alemão, além, é claro, de seu idioma materno: o português.

A partir daí realizou trabalhos humanitários e de preservação da paz nas maiores crises internacionais da segunda metade do século XX, passando por diversos países como Paquistão, Sudão, Chipre, Vietnã, Moçambique, Peru, Líbano, Sérvia, Kosovo, Camboja, Ruanda e Timor-Leste.

Foi na ex-colônia portuguesa, que Vieira de Mello fez seu mais importante trabalho e foi reconhecido por ser um grande negociador e artífice da paz. Foi fundamental para consolidar a independência do país, celebrando acordos de paz, organizando eleições democráticas, e criando estruturas básicas para o funcionamento do primeiro país fundado no século XXI: “Ele era um excelente negociador, com um grande poder de persuasão, amável e pragmático quando necessário”, um “brasileiro de nascença mas timorense de coração” – assim definiu Xanana Gusmão, primeiro presidente de Timor Leste durante encontro com a delegação do Diplomacia Civil na sede da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Genebra.

Alto Comissário: o mais alto cargo já alcançado por um brasileiro na ONU

Com o reconhecimento do sucesso da transição no Timor, Sérgio foi galgado ao posto mais importante que um brasileiro chegou dentro da ONU: Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados.

A empatia que o governo George W. Bush tinha por ele, no entanto, despertava alguma desconfiança por algumas organizações da sociedade civil em sua indicação, “ele terá de provar que vai enfrentar os governos e ser uma voz firme em favor das vítimas de abusos”, afirmava uma representante da Human Rights Watch.

“On the field”: onde Sérgio Vieira de Mello encontrava seu propósito

O diplomata considerava o trabalho em campo, o mais importante realizado pela ONU, era lá que conseguia realmente estar ao lado dos vulneráveis e se sentia útil em resolver os reais problemas do mundo e era chamado por colegas de profissão como “Mr. Fix-it”, por sua habilidade em resolver crises aparentemente insolúveis.

No entanto, estava feliz com a nova função que teria no escritório suíço das Nações Unidas, tinha planos em se casar novamente com a então namorada, Carolina Larriera, uma economista argentina que serviu na missão do Timor-Leste.

A Missão de Paz no Iraque

Com pouco mais de 5 meses trabalhando em Genebra, Sérgio foi chamado pelo então Secretário Geral da ONU, Kofi Annan, para ir à Nova York e lá foi informado que teria que servir como Representante Especial para chefiar a missão que iria ao Iraque para ajudar na transição de poder ao povo iraquiano.

Durante os 2 meses e meio em que esteve no país ocupado pelas forças de coalizão, encabeçadas pelos Estados Unidos, Sérgio demonstrou preocupação com a segurança da missão da ONU, e procurava dar mais agilidade à transição de poder. Mesmo com os desafios e o aumento da insegurança, conseguiu reunir-se com diversas lideranças comunitárias, étnicas e religiosas do país, montando um Conselho de Governo para a partir daí seguir com eleições.

Tinha pressa em acabar com a ocupação estrangeira no país, pois sabia que a demora geraria instabilidades: “Os iraquianos precisam saber quando a ocupação acabará” – afirmava. Ao mesmo tempo, tinha pressa em retomar sua vida com Carolina em Genebra. Então, combinou com Anan que ficaria 4 meses em missão e retornaria ao seu posto na Suíça.

Mas, em 19 de agosto de 2003, um atentado terrorista ao Canal Hotel, local que era utilizado pela missão de paz como escritório da ONU no país ocupado pelas forças de coalizão, destruiu parte de seus três andares. Levando a vida de Sérgio Vieira de Mello e de outras 21 pessoas.

O Filme “Sergio”

O filme dirigido por Greg Barker e produzido pela Netflix, tem Wagner Moura encenando o protagonista de forma emotiva e genuína. O filme é um bom início para conhecer melhor a história da grande personalidade diplomática que foi Sérgio Vieira de Mello. Porém, o roteiro parece se perder na escolha entre ser um bom drama da política e história internacional e ser um romance quando foca na relação com Carolina Larriera, interpretada também brilhantemente por Ana de Armas. Por outro lado, o filme entrega uma boa história bem produzida. É difícil assistir e não se emocionar.

Outras produções sobre a vida de Sérgio Vieira de Mello

Se você já assistiu o filme da Netflix ou acabou de ler esse artigo e quer saber mais sobre a vida de Sérgio Vieira de Mello, outras obras sobre a vida do diplomata estão disponíveis e são altamente recomendáveis. O documentário “Sérgio Vieira de Mello – O legado de um herói brasileiro”, também dirigido por Greg Barker, com produção da HBO está disponível no Netflix e no Youtube. E, para além das produções audiovisuais, existe o livro traduzido no Brasil como “O homem que queria salvar o mundo”, da ex-Embaixadora dos EUA para a ONU, Samantha Power, que você encontra nas melhores livrarias.

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