Os delegados que estão em Nova Iorque participando do ECOSOC Youth Forum prepararam um resumo do primeiro dia de atividades do evento. Acompanhe as discussões e as trocas que aconteceram ao longo da segunda-feira (30):
Henrique: depois de tanto tempo de preparo, estudos e discussões, finalmente sentamos às mesas das salas de conferência da ONU para assistir às duas primeiras sessões do Youth Forum. Ambas foram presididas pelo Sr. Frederick Shava, presidente do ECOSOC, e contaram com a participação de vozes de todo o mundo. O destaque vai para representantes da juventude. Com palavras inspiradoras, ouvimos um pouco da história de cada um. Diferentes testemunhos que reforçam a exigência feita aos governos do mundo todo: ouçam as vozes dos jovens, os empoderem para que sejam agentes decisores nas políticas adotadas pelas nações e não deixem ninguém para trás. Ficou muito claro que um futuro comprometido com os SDGs está na mão dos jovens e somente por meio deles pode ser alcançado.
Marianna: Coffee break, vulgo, o lugar onde a política acontece. Revisei a programação do evento, peguei nomes de apresentadores com quem tinha interesse em conversar, busquei no LinkedIn e mandei mensagem pedindo um café após o evento. Fui conversar sobre empreendimentos sociais com o representante da UNIDO que moderou a breakout session “Build resilient infrastructure, promote inclusive and sustainable industrialization and foster innovation”. O tema vem sendo tratado pela UNIDO em paralelo ao ODS 9 (indústria, inovação e infraestrutura) e aborda como esse tipo de negócio pode ser utilizado para implementar a maioria dos ODS. Sem dúvidas, uma discussão que vale a pena acompanhar no curto, médio e longo prazo.
Marcela: Hora de ir para a primeira Breakout Session, dividida por temáticas. A “Ending poverty and creating decent jobs for youth”, da qual participei, aconteceu em um formato de Ignite Talks. Funcionou da seguinte maneira: após uma introdução de 15 minutos sobre o tema, todos na sala se dividiram em três grupos, cada um com um tópico para discussão: empreendedorismo, jovens em situação vulnerável e educação para o mercado de trabalho. Após 20 minutos de conversa com um moderador da ONU, todos circulavam e iam para o próximo grupo. Assim, todos puderam debater cada um dos assuntos. Por ser a área com a qual trabalho, levei muitos dados sobre Educação e Empreendedorismo entre jovens – ainda assim, tive a oportunidade de contribuir em apenas um Talk, devido ao grande número de participantes. Foi um prazer perceber que, em todos eles, houve representantes brasileiros falando com propriedade de boas práticas que poderiam ser replicadas, como o Bolsa Família. Foi um momento de aprendizagem, troca de perspectivas ao redor do globo e inspiração para voltar e trabalhar por mudanças reais. Algumas das recomendações mais citadas por jovens do mundo todo foram (1) gerar mais confiança entre governo, empresas e população jovem; (2) investir em educadores para que possam ajudar estudantes a desenvolver habilidades para o novo milênio e introduzi-los à cultura empreendedora; (3) garantir o acesso à educação e capacitação para crianças e jovens imigrantes e refugiados.
Isadora: Ter a oportunidade de sentar ao lado de 80 pessoas de diferentes lugares do mundo faz você perceber que gênero é o assunto do momento, ainda que venha sendo um problema há tanto tempo. Na Breakout Session “Gender studies and empowerment of women”, tratamos de questões quanto à inclusão de mulheres no mercado de trabalho, representação política, inclusão em áreas de liderança e tecnologia – e identificamos nas redes sociais uma plataforma de transformação poderosa. Por meio da internet, mulheres do mundo todo – sejam cis ou trans, também representadas – conquistaram um lugar de fala prático, acessível e universal para reclamar seus direitos. Homens também foram convidados a assistir e se envolver na discussão; a ministra da Dinamarca Karen Ellemann afirmou: “Nós não podemos vencer se metade do time está no banco de reservas”.
Gabriel: A última sessão foi dedicada à sintetização das principais questões levantadas nas Breakout Sessions. Dessa maneira, os seis ODSs puderam ser discutidos de uma maneira mais ampla a partir de questões levantadas pelas autoridades especialistas nos assuntos. Representantes de Estados e de organizações de liderança juvenil puderam se questionar e apresentar posições com relação à implementação desses objetivos. No entanto, é importante observar que, embora o Fórum tenha o propósito de discutir a participação juvenil, na prática, as oportunidades de fala não têm sido, em sua maioria, discursadas por jovens, mas por autoridades de maior experiência. O mesmo pode ser percebido na Opening Session, em que foi aberta uma votação para que os representantes da juventude opinassem sobre a participação juvenil em relação aos ODSs: como resultado, 71% dos participantes apontaram para a necessidade ainda presente de aumento dessa representatividade.