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O novo Coronavírus irá mudar a Ordem Global? O que muda nas Relações EUA-China

O novo Coronavírus irá mudar a Ordem Global? O que muda nas Relações EUA-China

Como a pandemia provocada pelo novo coronavírus terá impacto nas estruturas do mundo que vivemos.

A pandemia que estamos passando provocou um debate em relação a como será o mundo no pós COVID-19, quais serão os efeitos políticos, econômicos e sociais que essa crise sem procedentes pode causar. Intelectuais e acadêmicos de diversas áreas e do mundo todo têm refletido sobre essas questões e criado cenários possíveis para um futuro próximo. 

Boa parte dos debates acerca disso refletem a possível transição de polaridade dentro do sistema internacional, no qual a pandemia que vivemos seria um catalizador do declínio dos Estados Unidos e da ascensão da China. Além disso outro ponto importante que veio à tona é a queda do multilateralismo frente a ascensão de novos nacionalismos e movimentos populistas. 

Leia mais sobre a ascensão do autoritarismo durante a pandemia

Dentro de todas as análises prevalece o consenso de que a pandemia de COVID-19 tem poder para remodelar o mundo que vivemos de maneira rápida e duradoura. Os debates atuais têm tentado entender quais são os caminhos possíveis para essas mudanças e quais as suas consequências. 

Veja alguns cenários que vem sendo traçados durante a pandemia:

Cenário pós-COVID 19 #1: Declínio dos Estados Unidos e Ascensão da China:

Autores e acadêmicos de relações internacionais e ciência política como Joseph Samuel Nye Jr, Kishore Mahbubani e Kori N. Schake tem apontado que a atual crise de saúde global afeta de maneira muito mais significativa os Estados Unidos do que a China, colocando em xeque a legitimidade da liderança norte-americana. A política externa americana isolacionista cria vácuos de poder no sistema internacional que estão sendo rapidamente ocupados pela China, principalmente com a nova estratégia da diplomacia das máscaras implementada por Pequim durante a crise. Com isso a China reforça sua imagem de líder global. O unilateralismo usado pelo governo Trump só tem ajudado o governo chinês nesse sentido.

Essa mudança de polaridade também irá, como um todo, simbolizar um declínio relativo do mundo Ocidental e ascensão do Oriente, tendo a Ásia como centro dinâmico do capitalismo. A Europa e a América do Norte sairão dessa crise enfraquecidos por ter lidado de maneira ineficiente com a crise de saúde e terem se tornado os epicentros da COVID-19 no mundo. Enquanto isso, países asiáticos se tornaram exemplos de combate à doença, como a Coréia do Sul, Singapura e o Japão.

Cenário pós-COVID 19 #2: Retrocesso da Globalização e Ascensão de Nacionalismos

Um dos resultados mais impactantes da pandemia de COVID-19 tem sido a interrupção abrupta da produção e do comércio global em vários níveis. Isso expõe a fragilidade das cadeias globais e consequentemente do sistema globalizado que estamos inseridos. Como maior efeito disso a curto prazo a economia global continuará se deprimindo até que a produção e a demandas voltem ao equilíbrio. No médio prazo, segundo Laurie Garrett, os Estados tenderam a diminuir o risco econômico trazendo as cadeias de suprimento para território nacional, enfraquecendo a globalização e o comércio internacional. 

A crise também irá aumentar a tensão entre os países, que com suas economias e capacidades enfraquecidas tenderão mais a competição internacional em detrimento da cooperação. A instabilidade econômica, política e social, nesse contexto, irá criar uma nova leva de estados falidos, que, sem respaldo social, serão suscetíveis a golpes e soluções autoritárias. Segundo Stephen M. Walt: “A pandemia fortalecerá o Estado e reforçará o nacionalismo, criando um mundo menos aberto, menos próspero e menos livre”.

Dentro desse cenário, é provável que os Estados se dividam em dois grupos: 1) aqueles que conseguiram lidar com a crise de saúde e fortalecer suas instituições, consolidando ainda mais suas democracias, e 2) aqueles que caíram em tendências autoritárias e nacionalistas para superar as sobrepostas crises.

Tanto a deterioração das relações sino-americanas como a ascensão de novos regimes autoritários e nacionalistas põe em risco o espírito criado no pós Guerra Fria, os projetos de integração regionais e a ode às democracias, enfraquecendo a estabilidade no sistema internacional.

Cenário pós-COVID 19 #3: Possível momento de oportunidade para o Multilateralismo e Cooperação Internacional

Outros autores acreditam que esse momento de crise se apresenta como uma janela de oportunidade para o aumento da solidariedade internacional movidas por um sentimento de união para combater o inimigo em comum. Esse momento traria a oportunidade para repensar, do ponto de vista econômico, as relações entre lucratividade e responsabilidade social, como aponta Shannon K. O’Neil. 

Também, Shivshankar Menon ressalta que esse momento pode servir como catalisador de uma nova onda de cooperação e multilateralismo para uma melhor resolução da pandemia, visto que ela é um problema global e enquanto estiver presente em um país é uma ameaça para todos. A natureza do nosso tempo, de profundas interdependências, não dá espaço para soluções descoordenadas e unilaterais. Ainda que, até agora, boa parte das ações governamentais apontam para o oposto desse prognóstico. 

Conclusão

Em resumo, acabando ou não com a globalização, instaurando ou não uma nova era de cooperação e multilateralismo, resultando ou não no declínio dos Estados Unidos e na ascensão da China, lançando ou não uma nova era de nacionalismos e regimes autoritários, a atual pandemia dificilmente irá mudar o mundo radicalmente. 

A crise da COVID-19 será muito mais um catalisador das tendências já existentes, e previamente identificadas, do que um turning point na história mundial. A pandemia irá reforçar os caminhos já traçados na geopolítica anterior a dezembro de 2019.

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